sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014


Im (perfeição)

O Universo é im (perfeito)
Nisso repousa a divindade
Quem nunca se dividiu para tornar-se inteiro?

A dualidade é ponto de partida
Mas se no meio não houver saída, 
estaremos no redemoinho que nos joga e devolve circular

No furação, o olho, sem nada, tem tudo,
pois acolhe a verdade dos olhos fechados

Só a música tem ondas que fazem flutuar corpo e alma e uma metafísica quase chegando lá...

Lá onde o vento também canta e o pássaro acompanha até as oitavas

Seja lá como for, quero ir...

Ir e vir sonoramente dançando em degraus as escadas do tempo
Quem parafraseou algum dia, disse, sem querer dizer ao certo, mas tentou...

Tereza Soares

Florbela Espanca permanece na quintessência dos aromas poéticos, hoje e sempre...


Ser poeta

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede do Infinito!
Por elmo, as manhãs de ouro e de cetim
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te assim perdidamente
E seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente.

Florbela Espanca



Vênus ou Afrodite?



A Primavera, também conhecido como "Alegoria da Primavera", é um quadro do pintor renascentista Sandro Botticelli

A pintura utiliza a técnica de têmpera sobre madeira. Pintado cerca de 1482, o quadro é descrito na revista "Cultura e Valores" (2009) como "um dos quadros mais populares na arte ocidental". 

É também, segundo a publicação "Botticelli, Primavera" (1998), uma das pinturas mais faladas, e mais controversas do mundo".

Enquanto a maioria dos críticos concordam que a pintura, retrata um grupo de figuras mitológicas num jardim (alegoria para o crescimento exuberante da Primavera), outros sentidos também foram dados ao quadro. 
Entre eles, o trabalho é por vezes citado para ilustrar o ideal de amor neoplatônico.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Primavera_(Botticelli)

A Mulher na Poesia

“Na cama está deitada a deusa, a soberana dos sonhos.
Mas como é que ela veio aqui?
Quem a trouxe, que poder mágico a instalou neste trono de fantasia e de volúpia?”

Charles Baudelaire

*

Ah, verdadeiramente a deusa…


Ah, verdadeiramente a deusa!
A que ninguém viu sem amar
E que já o coração endeusa
Só com somente a adivinhar.

Por fim magnânima aparece
Naquela perfeição que é
Uma estátua que a vida aquece
E faz da mesma vida fé.

Ah, verdadeiramente aquela
Com que no túmulo do mundo
O morto sonho, como a estrela
Que há-de surgir no céu profundo.

Fernando Pessoa

Poetizando o Mundo sob o Prisma da Mulher